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DESCRIÇÃO PROJETO

O edifício, datado de 1988 nos desenhos técnicos originais, vai ser utilizado na nave principal, na qual a luz entra pelas grandes vidraças orientadas a Norte, que iluminam o espaço de forma homogénea e agradável. A localização do edifício confere-lhe uma boa visibilidade na área limítrofe e amplia as possibilidades de utilização temporária ou permanente. 
 

A proposta concentra-se na leitura sob uma perspetiva atual da história industrial do Barreiro, ligando dimensões como o espaço, o tempo e a memória. Esta leitura baseada numa pesquisa de campo e na mobilização de outros conhecimentos teóricos e práticos, pretende dividir o edifício em duas áreas principais, correspondentes às duas funções principais propostas: no bloco denominado B, (230 m2) de altura considerável, pretende-se realizar um espaço para conferências. Na nave denominada edifício A, (634 m2) com relativo mezzanine e os gabinetes de controlo, optou-se por criar o espaço performativo dos artistas e de exposição de fotografias sobre o tema da arquitetura industrial.
 

Esta divisão em áreas diferentes dá a possibilidade de criar e promover várias iniciativas em simultâneo, ligadas pelo fio condutor da história do Barreiro, mas que propõem um futuro onde arte, produção cultural e requalificação sejam as características matrizes para que estes espaços se voltem a interagir na vida da urbe.
 

Será fundamental falarmos de algumas das linhas-guia existentes no edifício e que vão acompanhar e articular o percurso dos visitantes. Estas linhas, que foram criadas para a segurança dos trabalhadores nos edifícios, vão orientar, de forma apelativa, as visitas aos espaços.
 

O visitante imerge-se numa realidade que chama a atenção para os vários pormenores da indústria existente, desde os placares utilizados para motivar os trabalhadores que se podem considerar quase obsessivos pela quantidade e a redundância, até aos elementos da fábrica que ficaram como memória da vida frenética do edifício no longo dos anos em função.
 

Os visitantes deparam-se com uma realidade que atualmente produz, de forma metafórica, cultura, arte e emoções para estimular a curiosidade na pesquisa das nossas raízes mais próximas, que às vezes podem parecer “tempos obscuros”, mas que como já no passado aconteceu, podem-se revelar momentos fundamentais para a perceção da atualidade.
 

O movimento, as pessoas, o tempo e a memória vão misturar-se numa única forma visual, em que o edifício sai da sua chrysalis e ganha vida novamente, desta vez de forma efémera, mas não por isso menos eficaz. 

 

“(...) melhor do que um plano não modificável, a longo prazo, quer dotar-se de um instrumento estratégico em que as escolhas físicas e programáticas são referidas a objetivos claramente reconhecíveis…uma estratégia capaz de responder as situações concretas e políticas em contínua mudança … trabalhando especificamente sobre lugares e programas de usos e ao mesmo tempo sobre valores e significados que estes podem adquirir aos olhos das pessoas.” (De Franciscis, Rigenerazione Urbana, 1997, p. 21)

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