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ARTISTAS

Andrea Brandão |

 

Um espaço pseudo incontaminado e asséptico, onde a intervenção plástica resulta quase imperceptível. Um espaço repristinado por poucos materiais e elementos apresenta-se ao espectador como reativação sensorial e estética. Os espaços humanos, os espaços sociais e os espaços naturais tornam-se pretextos para Andrea Brandão que, através de diferentes práticas artísticas como as instalações e as performance, pretende impulsionar uma epifania do ambiente e do mundo que nos circunda. A espera, o pensamento, a viagem são interpretados não como um destino, mas como um meio: pois o resultado é, e deve ser, o de nos permitir penetrar e co-penetrar os espaços com uma nova consciência - uma experiência plena e satisfatória do mundo. E é este despojamento de artifícios que permite à artista repensar a própria arte como um momento ativo e performativo de pura leveza e simplicidade.

 

 

Intervenção CAMPO ABERTO

 

A obra Campo Aberto de Andrea Brandão é concebida como uma oportunidade de depurar o pensamento e promover a reflexão do visitante sobre a realidade preexistente, através de mínimas intervenções. Esta obra apresenta-se composta por três momentos, que interligados entre si, estão dispersos por diferentes pontos do complexo industrial. Na primeira intervenção, Andrea Brandão introduz barreiras em três vãos de entrada da Nave A do edifício. Estes elementos, que estão assinalados a vermelho, cor que indicava proibição e perigo no código de cores da fábrica, definem o que está fora e/ou dentro do edifício. A artista propõe, assim, um jogo reflexivo que remete para a possibilidade de criar e alterar as regras e as limitações deste espaço industrial. No segundo momento, Andrea Brandão trabalha com as faixas de demarcação preexistentes no chão do edifício e da área circundante. Às faixas vermelhas e amarelas, que assinalavam respectivamente a proibição e a segurança, a artista adiciona uma azul que remete para os planos do pensamento, do sonho e da imaginação. Através do simples uso e repetição destas três cores e do jogo visual e em parte tridimensional das linhas, a artista cria um percurso alternativo, pelo qual o espetador pode experimentar fisica e mentalmente o espaço. Finalmente, a obra presente na sala do primeiro piso torna-se o fulcro central deste conjunto de trabalhos. Num simples jogo de palavras, Andrea Brandão recria uma nova dimensão espacial, isto é um miradouro que permite ao visitante ter uma vista completa sobre a Nave A, bem como percorrer com os olhos o exterior do edifício. Foi neste sentido que esta intervenção nasceu, como possibilidade de ampliar o horizonte visual, abrindo, tanto quanto possível, o nosso olhar e deixando o pensamento livre para viajar.

Andrea Brandão, Guard, 2014, vidro e ferro (pintado de branco), 83x130x100 cm, particular da exposição Moment I (Lisboa, Espaço Arte Tranquilidade, 15 de maio - 25 de julho de 2014).​

 

Andrea Brandão

 

http://issuu.com/andreabrandao/docs/ab_portfolio_english_print

 

Andrea Brandão (1976) nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal. Frequenta o programa de doutoramento em Estudos Artísticos da FCSH-Universidade Nova de Lisboa, desde 2015.

Brandão é artista visual e desenvolve o seu trabalho na área do desenho, performance, instalação e intervenções artísticas. As suas obras exploram o conceito de “processo” e procuram testar os limites de definição e realização da obra de arte.

Tem vindo a desenvolver e a colaborar em projetos na área da coreografia, nomeadamente no projeto de Márcia Lança, Evidências suficientes para a não coerência do mundo (2014); Participou em festivais, exposições coletivas e individuais em Portugal, Estónia, Austria e no Estado do São Paulo, assim como em programas de residência artística, destacando-se pela relevância a residência artística FAAP - Fundação Armando Azeredo Penteado, São Paulo (2014). 

Das mais recentes exposições assumem especial relevo a individual Momento I (2014) no Espaço Arte Tranquilidade e a coletiva Já reparaste como o ponto de interrogação parece uma orelha e como a interrogação se faz escuta? (2016) no Atelier - Museu Júlio Pomar em Lisboa, ambas com curadoria de Maria do Mar Fazenda.

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